domingo, 26 de abril de 2015

Ocasiões em que o "colinho" cai bem

           A independência é algo maravilhoso, porém, existem momentos em que você simplesmente não pode se virar sozinho e não há nada de errado em pedir ajuda. Nesses 10 meses morando sozinha eu precisei de refúgio na casa dos meus pais duas vezes. A primeira vez foi planejada, quando fiz a cirurgia para retirada das amígdalas, e mais a pedido da minha mãe, que queria cuidar de mim no pós operatório. Já a segunda foi de improviso quando, recentemente, tive dengue.
               Na ocasião da cirurgia, foi tudo organizado, arrumei uma mala com as roupas, separei as coisinhas dos meus gatos e fomos os três passar uma semana na casa dos meus pais, como nos velhos tempos. Confesso que foi estranho dormir no meu antigo quarto, pois não sentia mais ele como “meu”. Era um quarto com alguns dos meus livros, minha antiga cama e o closet da minha mãe. Também estranhava o barulho na casa logo pela manhã, pois eu me adaptei muito rápido ao silêncio matinal. Outra coisa com a qual eu estava desacostumada era com “a hora da novela”, pois eu quase não vejo mais tv. No fim, apesar de estranhar algumas coisas, foi uma semana em que revivi o acolhimento de sempre e me recuperei cheia de paparicos, pois minha mãe fazia tudo o que por ventura eu conseguiria comer tempos difíceis de sopa fria e gelatina.
Como nos velhos tempos, nós e o Pepe, pois o Romeu estava brisando...

               Dengue, só de pensar já me arrepia a espinha. Sério, não existe dignidade quando se está com dengue. Eu comecei a ter os sintomas em um domingo à noite, em um churrasco. Primeiro foi a febre, com a qual não me preocupei. Chegando em casa, começou a diarreia e eu estava crente que era uma dessas viroses loucas. Na segunda-feira fui trabalhar e a febre estava insistente, fui para casa mais cedo, dormi muito, e na terça nem fui trabalhar. A diarreia piorou e, cada vez que pisava no chão, parecia que minha cabeça ia explodir. Então ouvi o conselho da minha mãe e fui ao hospital, sozinha.
               Ao ser examinada pela médica, ela disse que ia pedir uns exames de sangue, mas, ao que tudo já indicava, era dengue. Enquanto era medicada e aguardava o resultado dos exames, recebi um carinho muito bacana de pessoas que também moram sozinhas e se prontificaram a me ajudar, foi importante pra mim ver o quanto estou rodeada por pessoas que realmente se importam comigo. Enfim, era dengue mesmo, meu pai me buscou no hospital e fui direto para casa dele. No tempo em que fiquei hospedada nos meus pais, eles me traziam em casa para colocar comida para os meus filhos de quatro patas, e eu podia matar um pouco a saudade deles.
               Foram praticamente 10 dias de molho.  10 dias de dores, febre, diarreia, desidratação e manchas vermelhas pelo corpo. 10 longos dias em que estava longe dos meus 30 m² de pura felicidade, preocupada com os meus gatos e com o trabalho. 10 dias em que pude perceber com quem eu realmente podia contar, quando fui surpreendida negativa e positivamente, pois pessoas que eu mal esperava estavam todo dia ali, mesmo que fosse para perguntar como eu estava com a piadinha clássica de quem tem dengue, “e ai, dengosa, como você está hoje?”.  10 dias onde aprendi que suco de inhame não é tão ruim assim. 10 dias em que chá era néctar dos Deuses. Foram, sobretudo, 10 dias em que eu agradeci muito pelos pais incríveis que tenho, pois, de verdade, sem eles, esses 10 dias teriam sido muito piores. Pai e mãe, vocês são os melhores! <3
Abraços

Renata Forné Bernardino

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O primeiro "home rolê"

Como disse no post da semana passada, aos poucos vou contar as primeiras vivências que mais me marcaram nos meus 30m² de pura felicidade. Quando morava com meus pais minhas amigas dormiam em casa, fazíamos rodada de poker e jantares. Quando vim morar sozinha levei um tempo até convidar meus amigos para conhecerem minha casa (e tem muita gente querida que ainda não veio aqui), eu precisava de um tempo só meu com meus bichanos em casa, e, até hoje, aprecio bastante esses momentos com eles. Uma coisa é uma reunião de amigos na casa dos seus pais, outra coisa é receber seus amigos no seu lar. Então resolvi organizar o primeiro home rolê nos meus 30 m² de pura felicidade <3.
Para a primeira edição do home rolê, dia 20 de Setembro de 2014, convidei alguns amigos que também não moram mais com os pais, pois compartilhamos situações em comum. Preparei minha especialidade, risoto de camarão, o qual servi na fruteira, até hoje não tenho refratários para servir um jantar hehe, e o pessoal trouxe vinho. Acabamos com o risoto, com o vinho e com a cerveja, conversamos e todos colocaram suas músicas favoritas enquanto curtíamos a noite sob a luz azul do abajur da sala, que intensifica as frases que já havia escrito em minhas paredes. Nessa noite eles responderam a pergunta que escrevi em uma delas: “o que minhas paredes dizem?” (e essa brisa fica para outro texto, pois a história é loooooooooonga).


Katita tirou essa foto enquanto eu viajava e o texto que escrevi sobre o que pensava nessa hora foi:

O flash condensa um instante que pode ser infinito. O que realmente acontecia ali? Quais emoções não foram impregnadas na imagem? 
O que se leva da vida são histórias e eu até queria condensar essa história, mas com prazo de validade, pois hoje tudo o que soa como eterno parece estranhamente fútil, coisa de gente que tem preguiça, preguiça do novo, do surpreendente sabor do inusitado e eu adoro o sabor do inusitado, me satisfaço com ele.
E o meu destino é sempre mais, ele transcende! Vai aonde meus pés e meu coração me levarem, e eu apenas sigo andando, sem rumo muito certo, pois a liberdade me conduz de braços abertos.

Selfie do primeiro home rolê <3


A legenda da foto surgiu com fragmentos de assuntos que surgiram durante o jantar:
“Agora!
Risoto de camarão servido na fruteira, cerveja e vinho no copo se vidro.

Uhu, viva o home rolê!

Sensacional, sensacional

Vai aê, vai aê?
A profecia das pedras
Não seguir padrões!
Por que a gente não pensou nisso antes?
A zuada do rolê - ; -
Essa é a trilha sonora da minha vida!
Que maldade, Angélica...
Augusta que saudade!
Augusta, graças a Deus, entre você e a Angélica eu encontrei a Consolação!


            Como somos peregrinos, eram mais de 2h da manhã quando subimos para a Augusta que saudade, foi quando a noite voou. A Katita e o Ivan já tinham ido embora. Quando dei por mim eram 7h da manhã e eu estava caminhando na Paulista. Comecei a descer a Augusta, fotografando as frases nos muros, e encontrei a Cris. Paramos no Pescador para ver uma galera fazendo um som e fomos embora. Ah, que saudades dessa noite memorável! 
Até o texto da semana que vem :)
Abraços
Renata Forné Bernardino

terça-feira, 7 de abril de 2015

O primeiro fim de semana nos 30 m² de pura felicidade

É incrível como o tempo passa rápido. A sensação que tenho é que me mudei há dois meses, mas, na verdade, dia 20 de abril completarão 10 meses de “eu amo a minha casa”, “eu amo o meu bairro”. Passei um longo período sem atualizar o blog, período em que vivenciei uma introspecção muito intensa e mais refleti do que escrevi, mas, agora estou de volta ;)
Prestes a completar um ano morando sozinha sigo reafirmando que essa é uma vivencia que TODO MUNDO deve ter na vida, pois é quando você vive sozinho que realmente entra em contato com a sua essência. Nesse tempo você nota uma série de manias que nem você sabia que tinha, passa a respeitar mais a individualidade do outro e exige que valorizem a sua, aliás, você realmente se encontra como indivíduo único no universo e espalha isso em todos os cômodos da casa [eu, inclusive, escrevo nas paredes dos meus 30m² de pura felicidade]. Vou falar sobre essas, e outas, descobertas com mais carinho posteriormente.
Muitas situações me marcaram nesse tempo. Os primeiros momentos de cada vivência foram únicos, por isso também vou falar depois, pois cada um merece ser narrado de modo especial. A primeira faxina, por exemplo, fiz logo após terminar de colocar tudo no lugar, lembro-me de pensar “nossa, sou melhor nisso do que imaginava” e, de verdade, eu curto pacas limpar a minha casa, mas voltemos ao que interessa: o primeiro fim de semana nos meus 30m² de pura felicidade. Dia 20 de junho pulei da cama às 7h, tomei o último banho na casa da minha mãe e fui embora com o carro mega lotado com o resto da mudança.
Enquanto esperava a entrega e montagem dos móveis comecei a fazer um stencil na cabeceira na cama, que foi entregue enquanto eu pintava. Nesse tempo também começaram a montar os móveis do quarto e o armário da cozinha. Tudo acontecendo junto e misturado. Comi um sanduba para enganar a fome e comecei a colocar as roupas no armário, nisso a Cris chegou. Logo depois chegaram o Ivan e o Will, que levaram um vinho e um resto de bolo para me darem boas-vindas. Tomamos o vinho e apreciamos a vista da minha gigantesca varanda. Foi quando tirei a primeira foto da vista do meu apartamento e filosofamos sobre o roots, o empirismo e os tipos de ressaca. Como era uma sexta-feira, CLARO, que a gente foi pra rua.

Cheguei, Bela Vista \o/

Primeiro rolê morando à três quadras da Rua Augusta <3. Pra variar, fomos ao Roxo, boteco com banda ao vivo, sinuca e cerveja com preço honesto. Curtimos e cada um foi pra sua casa na hora que bateu o sono. Lembro-me de chegar em casa levemente alcoolizada e pensar “puta merda, não coloquei lençol na cama”. Foi quando descobri que tenho um lado mais careta do que eu pensava, pois eram mais de 4h da manhã quando eu comecei a tirar o plástico do colchão, para poder passar a primeira noite na minha casa com a cama arrumada.
Acordei algumas vezes pensando “meu, eu estou mesmo aqui”, estava encantada. Levantei bem cedo, 8h, o que é de madruga para mim em um sábado. A Net foi instalada, o zelador fez os furos para eu pendurar as cortinas, coloquei tudo no lugar e fiz a primeira faxina. Nesse dia curti a primeira soneca vespertina no meu cafofo ~ah~ que delícia dormir de tarde sem ninguém fazendo barulho em casa! Levantei e encontrei a Cris. Fomos dançar na DJ Club, balada que eu amava, mas que quase não ia mais por ser longe de casa. Naquele dia fui a pé e a frase da noite foi: sabe como eu vou pro rolê??? A pé!!!!! Voltar para casa sem se preocupar com condução ou gastar com taxi foi maravilhoso. Nessa noite também acordei maravilhada algumas vezes pensando “meu, eu estou na MINHA casinha”.
Domingo, dia nacional da preguiça, era uma linda tarde de começo de inverno e de vida nova. Passarinhos cantavam na árvore em frente à minha janela. Resolvi explorar o bairro.,peguei meus fones de ouvido e saí andando. Peregrinei até a hora de voltar para preparar o primeiro jantar para os meus pais. A reação deles ao entrarem em casa foi estranha. Minha mãe ainda não lidava bem com a situação e, hoje, eu compreendo melhor o quanto foi difícil pra ela eu ir morar sozinha. Meu pai, por outro lado, parecia mais tranquilo, mas fiscalizou as tomadas da casa para ver se eram seguras hahaha.


Depois de tantos primeiros momentos eu só penso o quanto isso tudo ainda consegue me encantar apesar das dificuldades e, acredite, pagar as contas não é o mais difícil quando você está administrando toda a sua vida sozinho. Além de cuidar do lar e pagar tudo em dia, você precisa, principalmente, cuidar do seu bem estar físico e emocional, e essa é a parte mais gratificante.
Abraços
Renata Forné Bernardino