quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Um a cada três

Antes de ler, sobe o som :)

          Um a cada três pensamentos é sobre reminiscências. Um a cada três é sobre o hipotético. Um a cada três é somente para onde a melodia me levar. E ela insiste em me levar para longe, beirando os limites lineares dos pensamentos onde, um a cada três, são arrebatadoramente plenos. Longe o suficiente onde um, a cada três, dança ~~ guiando subversivamente as palavras que precisam ser dedilhadas. Longe aonde o tempo vai passando, e o ritmo cede em conformidade com as fagulhas dos insights, de um a cada três. Tão longe... onde um a cada três se funde em um enredo em tons de sépia de uma tarde de outono. Em um fim de tarde de outono. Em um fim de outono na praia. [Seria esse um deja vú  distorcido?] Lá longe em uma brisa suave bagunçando o meu cabelo, em um “moça, sobre o que você tanto escreve?”, em um fragmento do que poderia ter sido, mas, não, não é possível me adequar ao que não traz impulsos de vida, ao que não me instiga a esticar os dedos para ver se tamanha plenitude pode ser palpável, inundando minha alma de novas sensações. Seria como tentar dançar uma melodia que não toca na alma! Permeando brechas eu descobri uma intensidade fascinante dentro da serenidade de pura e simplesmente estar aqui, e nada além. Estou de braços abertos para um a cada três desejos de liberdade. Que me tome de jeito e arrebate todos os meus teoremas impalpáveis sobre o que vem a ser concreto. Que agregue aos meus devaneios e me proporcione novas poesias. Que alimente essa minha sede de viver. Que sinta a frequência da melodia tocando na alma. Que me leve para longe, longe o suficiente, aonde eu esqueça de um a cada três...

Se você gostou da música e não quer ficar no modo "só mais um repeat", aqui tem a versão estendida 

Abraços
Renata Forné Bernardino

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Epifania

No fim de semana, enquanto caminhava pelo centro de São Paulo ao som de Alabama Shakes, vi o sol entre as folhas de uma árvore. Senti o vento bagunçando meu cabelo. Parei de andar por alguns instantes. Contemplei o cenário de sol e cimento, observando os prédios antigos que tanto gosto. Senti o conforto do chinelo, parceiro de tantas voltas pelo bairro #euamoomeubairro. Olhei para meus pés, eles estavam estáticos enquanto carros passavam e pessoas cruzavam comigo, seguindo seus próprios roteiros. 
Eu não tinha um roteiro...

Eu estava livre!

Enquanto sentia o sol nos meus ombros, eu me senti viva. Tão viva quanto me senti enquanto dançava na chuva lá na Pedra do Sal, no Rio de Janeiro. Tão viva quanto me senti no final de semana anterior, enquanto descia a serra para praia, com os vidros abertos, sentindo o vento no rosto e cantando loucamente. 
Eu estava ali, parada, me sentindo extremamente viva.
Eu abri meus braços e respirei fundo por alguns instantes. 
Eu estava ali por completo, de corpo e de alma. 
Eu, simples e completamente, estava ali. 
Eu senti minha alma leve, livre dos diálogos e dos dilemas.
Eu tive uma epifania.
Eu me senti por inteiro. 
  

Eu estava livre! 

E eu estava contemplando tanto essa sensação que até esqueci de tirar foto, então fica a da Pedra do Sal :)

Abraços
Renata Forné Bernardino